03/05/2011

Mudança

meu amigo,

devo (novamente) pedir desculpas, eu pretendia manter dois blogs, mas, com o tempo, acabei mantendo só o outro e esqueci de avisar aqui. Este, além dos meus textos, traz outras bobagens adicionais:
http://ogiq.blogspot.com/

valeu!

25/03/2011

Identidades

Recentemente agora teve um canal de tevê fechada que exibiu um docuficção, isto é, um filme ficcional com a roupagem de documentário tradicional. Não foi a primeira vez, na outra o tema fora dragões e nesta o tema foi sereias, dando tratamento aos seres lendários como se realmente existissem. E nas duas vezes a resposta surpreendente do público (ok, nem tanto) foi acreditar que aqueles seres realmente existiam.
Isso é uma preocupação constante de quem produz ficção. O sujeito vê um filme de guerra e vai pro bar bater papo crente que a guerra foi mesmo como no filme. Exemplos recentes incluem a devolução de iraquianos de uma americana ferida, que foi retratada em filme como se ela fosse resgatada dos iraquianos malignos. É uma canalhice sem tamanho, como o que fazem agora na Líbia.
O jornalismo é, normalmente, muito mais ficcional que a literatura, com a diferença que a literatura se diz ficção para tentar escoar não-ficção, enquanto o jornalismo faz o inverso. Nesse mundo de ninguém sabe quem come quem não é de se admirar que o leitor fique confuso.
Peguemos, por exemplo, a imagem acima nestas plúmbeas folhas. Em nenhum lugar está escrito que se trata de foto do autor ou algo assim, embora induza a maioria a pensar nisso. Apenas muitos poucos perceberão que se trata, na verdade, de uma ator contratado, uma personagem, como as que passam por estas linhas. O ator tem cerca de meio metro a mais que eu e uns cem quilos a menos. Ele tem a vantagem de não ser careca como eu, mas ainda assim teve que usar uma peruca para se enquadrar no figurino. O visual todo é uma montagem, uma colagem. Os cabelos são uma peruca de Gal Costa, em homenagem ao gosto musical da mãe do autor. A roupa preta foi tirada de um colega de adolescência, o vulgo Iói, figura folclórica dos anos 90 de Floripa. Os óculos vermelhos do bom amigo Paulo, hoje hospitalizado por causa do trânsito selvagem que temos. A barba era para ser mais longa e grisalha, mas as lojas que vendem esses itens não tem um estoque muito variado, então tivemos que nos contentar com essa mesmo.
Em suma a maioria das pessoas, principalmente nos dias de hoje, vive da imagem, tende a acreditar na imagem e achar que seus olhos nunca o enganam , quando são vítimas de fraudes 24 horas por dia. Nunca se deve acreditar em um escritor, embora ele não minta, não me leve a mal, apenas inventa verdades ficcionais, que é aquilo para o que é pago, ou não pago, na maioria das vezes. E pessoanamente finge a dor que deveras sente.