18/02/2011

Do imenso pacote de...

Eu fico impressionado como sempre vem à tona, novamente, uma teoria de fim iminente do planeta. É claro que o planeta vai acabar, em alguns bilhões de anos o combustível solar vai estar nas últimas e a vida na terra já era, mas até lá temos tempo de sobra para colonizar outros planetas. E isso não é uma possibilidade, é um imperativo. Minha felicidade é que a missão espacial Kepler já encontrou 5 planetas iguais à terra em uma varredura em cerca de 150 mil estrelas, o que quer dizer que as condições para a vida são extremamente abundantes no universo, cerca de um planeta agradável para a vida terrestre a cada 30 mil estrelas, e existem bilhões delas lá fora.
Enquanto isso, aqui na terra, continua o lenga-lenga de que vai acabar tudo. Estamos nos tornando exageradamente supersticiosos, outro dia porque um bando de aves morreu os caras já começaram a se apavorar. É um sintoma desses nossos tempos de religiosidade nova era, que é basicamente uma espécie de fast food das religiões. Numa religião normal o sujeito se vê forçado a um pacote fechado, se ele quiser fazer sexo com preservativo e tomar a pílula, então terá que mudar da religião A para B. Mas daí na religião B ele não poderá comer linguiças defumadas e terá que mutilar o pênis do seu filho. Então ele muda da religião B para C, mas na religião C ele não poderá beber álcool e terá que mutilar o clitóris de sua filha. Então ele muda para a D, mas então terá de virar vegetariano e incinerar estrume de vaca na casa para efetuar a purificação através do animal sagrado.
É uma coisa terrível, o sujeito moderno fica perdido, precisa ficar mudando, pulando de fé em fé até tentar encontrar uma em que o pacote de dogmas não lhe seja tão insuportável. É por isso que o brasileiro se diz cristão, frequenta terreiro, vê espíritos e acredita em duendes e discos voadores.Com a nova era tudo fica mais fácil, você rasga o pacote das religiões e vai pegando o que lhe convier de cada uma. Se você quer sexo, pega a doutrina sexual do tantrismo e descarta a parte de jejum e meditação, já para as simpatias domésticas, pega as rezas de outra e descarta o resto. No fim você tem um retalho que não chega a ser exatamente nenhuma religião e, o melhor, você pode abandonar cada dogma uma vez que ele se torne incômodo pra você.
Mas o problema é que isso também não funciona, e logo o sujeito chega numa escolha: ou joga no lixo todas as crenças, ou logo está louco, por aí, anunciando o fim do mundo. E pelo visto a maioria acaba caindo na última opção.