Eu costumava a acreditar que era eu quem tinha abandonado e desistido da televisão, dos jornalões emplumados e revistas semanais que se pretendem nacionais, mas só agora entendi que foi ao contrário, foram eles que desistiram de mim.
A conta é muito simples, é mais lucrativo investir num conteúdo simplório e de baixo custo, vendendo a uma parcela menor de consumidores, do que gastar dez vezes mais produzindo conteúdo decente para dobrar as vendas atingindo o consumidor que queira algum conteúdo. É um processo que se estende desde televisões que deixam de fazer programação pensada para executar programas de auditório e reality shows, que têm baixo custo e exigem apenas uma câmera na mão e nenhuma idéia na cabeça, até os jornais que substituíram o jornalismo por um exercício banal de denuncismo vazio: grampo sem áudio, vídeo sem imagem e por aí vai, qualquer coisa que os ajude a vender.
É um desespero agravado pela revolução digital. Todo novo meio de comunicação, quando surge, causa certo impacto nos demais, que vai se diluindo com o tempo. O rádio não acabou com o jornal, o cinema não acabou com o rádio, nem a tevê acabou com o cinema. Os meios tradicionais suportaram bem a internet que já chega agora ao fim da adolescência e se prepara para a maioridade.
Mas nos últimos anos, por uma série de erros de planejamento e decisões erradas das empresas de televisão e jornalismo, o processo se acentuou. Os jornais abandonaram os princípios do jornalismo para tentar manter o público que consideravam fiel, mas, com isso, aqueles que vendiam 1,5 milhão de cópias nos anos 90, agora vendem um décimo disso. São obrigados a distribuir exemplares de graça em postos de gasolina e shopping centers. Foram atropelados por jornais locais e pela difusão da informação em blogs e redes sociais. Antes eram os blogs que repetiam notícias de jornais, hoje é o contrário, são os jornais que repetem os blogs e twitters mais comentados.
A Gazeta Mercantil já fechou as portas. Agora é a vez do Jornal do Brasil, que passou a existir somente na internet. Os grandes jornalões restantes vivem basicamente de compras feitas por governos estaduais sem licitação, em troca, é claro, de apoio aos mesmos no período eleitoral. Coisa que vemos agora, em que sai um escândalo diferente por dia e nunca o conteúdo da matéria corrobora a denúncia na manchete.
Enquanto isso, a internet passa, pela primeira vez, a mídia tradicional no faturamento de publicidade. RIP.
15/09/2010
Currado em um caminhão de bóias-frias
Andando pra lá e pra cá, por vezes, o sujeito acaba passando por algum aperto. O diabo da idéia foi se meter numa excursão lá pro interior do Pará e voltar achando que tudo bem se pegassem carona.
No primeiro dia ela só teve que levantar a blusa e mostrar os peitinhos e tudo transcorreu em paz. Foi uma bela carona, quase trezentos quilômetros e os dois, ela e o cara com óculos de aro fino, conseguiram sair do meio do nada empoeirado para chegar ao lugar nenhum cheio de pó. Fizeram feliz um motorista que há muito tempo não via peitinhos, principalmente peitinhos firmes como aqueles.
O casal estava preparado, carregava uma barraca iglu, isolantes térmicos, pão seco, meio quilo de castanhas e, ainda, biscoitinhos de soja e guaraná em pó. Com isso poderiam encarar qualquer coisa que viesse pela frente. Naquela noite ele tentou finalmente conseguir algum avanço com ela que fosse além dos beijinhos iniciais. Estavam viajando há muito tempo juntos e o companheirismo era grande. Some-se a isso que ele vira, pela primeira vez, os peitinhos dela nessa tarde, o que fez a felicidade não só do caminhoneiro, mas dele também.
Ela consentiu aos poucos com alguns beijinhos e permitiu umas apalpadas, mas ficou nisso. Disse que estava cansada, precisavam dormir e tal. Ele tinha certeza que se insistisse mais, conseguiria, mas tinham muita viagem pela frente e não quis apressar as coisas, quis curtir com calma a conquista inevitável. Já ela ficou feliz por não ter que queimar ainda naquela noite o papo de que eram amigos e tal e cortar o cara, o que azedaria a viagem.
No segundo dia foi cruel, andaram por horas a fio e nada de nenhum veículo passar. Chegaram por fim num boteco no meio do nada onde só havia o dono do local, completamente bêbado, que consentiu em dar uma carona a eles. No meio do caminho o cara parou e disse que só tocava adiante se ela lhe desse uma chupada. Depois de muita negociação o combinado ficou em uns beijos e amassos e a viagem continuou.
Armaram novamente a barraca perto da estrada naquela noite e ele achou que ia se dar bem, mas ela o dispensou dizendo que ficara meio traumatizada com o que ocorrera durante o dia. Ele sabia que era uma mistura irresistível de Marlon Brando com Woody Allen, de forma que ela certamente cairia por ele em breve, então aceitou.
E então, no terceiro dia, estavam finalmente chegando perto de uma cidade maior e conseguiram carona num caminhão de bóias-frias. O clima na traseira do caminhão pareceu tenso desde início. Aqueles pobres trabalhadores rurais, suados, cansados, com meses de trabalho escravo nas costas sem comer ninguém. Eram doze. Um deles sussurrou algo ao motorista e o caminhão parou.
O rapaz deu um pulo. A coisa estava indo longe demais, cada dia pior, era dever dele como homem defender a moça, para conquistá-la de vez:
- Ninguém toca nela, me ouviram? Ninguém vai tocar nela! Chega, acabou essa palhaçada! – bradou ele.
- Que isso, meu rapaz? Aqui a gente é respeitador, não ia fazer uma coisa dessas com uma moça, não, não é? – perguntou um dos trabalhadores aos demais.
- É isso aí! Queremos o viadinho de topete, o que parece o Marlon Brando.
Ela se afastou do caminhão, por pudor, e esperou sob a sombra de uma grande árvore enquanto os doze se revezavam sobre seu companheiro de viagem. Depois seguiram o rumo e nunca mais tocaram no assunto ou voltaram a se ver.
No primeiro dia ela só teve que levantar a blusa e mostrar os peitinhos e tudo transcorreu em paz. Foi uma bela carona, quase trezentos quilômetros e os dois, ela e o cara com óculos de aro fino, conseguiram sair do meio do nada empoeirado para chegar ao lugar nenhum cheio de pó. Fizeram feliz um motorista que há muito tempo não via peitinhos, principalmente peitinhos firmes como aqueles.
O casal estava preparado, carregava uma barraca iglu, isolantes térmicos, pão seco, meio quilo de castanhas e, ainda, biscoitinhos de soja e guaraná em pó. Com isso poderiam encarar qualquer coisa que viesse pela frente. Naquela noite ele tentou finalmente conseguir algum avanço com ela que fosse além dos beijinhos iniciais. Estavam viajando há muito tempo juntos e o companheirismo era grande. Some-se a isso que ele vira, pela primeira vez, os peitinhos dela nessa tarde, o que fez a felicidade não só do caminhoneiro, mas dele também.
Ela consentiu aos poucos com alguns beijinhos e permitiu umas apalpadas, mas ficou nisso. Disse que estava cansada, precisavam dormir e tal. Ele tinha certeza que se insistisse mais, conseguiria, mas tinham muita viagem pela frente e não quis apressar as coisas, quis curtir com calma a conquista inevitável. Já ela ficou feliz por não ter que queimar ainda naquela noite o papo de que eram amigos e tal e cortar o cara, o que azedaria a viagem.
No segundo dia foi cruel, andaram por horas a fio e nada de nenhum veículo passar. Chegaram por fim num boteco no meio do nada onde só havia o dono do local, completamente bêbado, que consentiu em dar uma carona a eles. No meio do caminho o cara parou e disse que só tocava adiante se ela lhe desse uma chupada. Depois de muita negociação o combinado ficou em uns beijos e amassos e a viagem continuou.
Armaram novamente a barraca perto da estrada naquela noite e ele achou que ia se dar bem, mas ela o dispensou dizendo que ficara meio traumatizada com o que ocorrera durante o dia. Ele sabia que era uma mistura irresistível de Marlon Brando com Woody Allen, de forma que ela certamente cairia por ele em breve, então aceitou.
E então, no terceiro dia, estavam finalmente chegando perto de uma cidade maior e conseguiram carona num caminhão de bóias-frias. O clima na traseira do caminhão pareceu tenso desde início. Aqueles pobres trabalhadores rurais, suados, cansados, com meses de trabalho escravo nas costas sem comer ninguém. Eram doze. Um deles sussurrou algo ao motorista e o caminhão parou.
O rapaz deu um pulo. A coisa estava indo longe demais, cada dia pior, era dever dele como homem defender a moça, para conquistá-la de vez:
- Ninguém toca nela, me ouviram? Ninguém vai tocar nela! Chega, acabou essa palhaçada! – bradou ele.
- Que isso, meu rapaz? Aqui a gente é respeitador, não ia fazer uma coisa dessas com uma moça, não, não é? – perguntou um dos trabalhadores aos demais.
- É isso aí! Queremos o viadinho de topete, o que parece o Marlon Brando.
Ela se afastou do caminhão, por pudor, e esperou sob a sombra de uma grande árvore enquanto os doze se revezavam sobre seu companheiro de viagem. Depois seguiram o rumo e nunca mais tocaram no assunto ou voltaram a se ver.
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