01/12/2010

Isso não é um condor

Outro dia, por ocasião da morte do diretor Dino de Laurentis, resolvi rever um de seus filmes que é um clássico, os “Três Dias do Condor”. O filme continua ainda atual. Não só porque os assassinatos e conspirações ocorrem em torno da disputa do controle de petróleo no oriente médio, mas por causa do final anticlimático em que o protagonista tenta intimidar o agente da CIA informando que havia denunciado todo o esquema para um jornal, ao que o agente responde: como você sabe se irão imprimir a matéria?
Se essa pergunta poderia causar surpresa e espanto em 1975, certamente não o faria hoje. Enquanto na guerra do Vietnã os jornalistas mandaram para casa fotos dos horrores da guerra ajudando a pôr fim no conflito, agora, na última guerra, participaram a bordo dos tanques estadunidenses, exaltando a guerra como se fosse uma aventura emocionante. Na guerra de informações entre os povos e os governos, o jornalismo tradicional mudou definitivamente de trincheira nas últimas décadas.
Os recentes vazamentos dos crimes de guerra americanos e, agora, das notas diplomáticas pelo site wikileaks mostra definitivamente que o protagonismo da divulgação de informação já se moveu da imprensa tradicional para o mundo em rede. Julian Assange, o criador do site, já vem sendo perseguido por agências de segurança que tentam descobrir e intimidar colaboradores do site. Muitas das notas que estão vazando dizem respeito ao Brasil, mas falta ainda uma grande história como a dos filmes antigos.
Talvez os thrillers modernos sejam diferentes, precisem de conspirações religiosas, como do Código Da Vinci. Então o próximo vazamento será algo assim: um embaixador brasileiro, conhecido por não gostar muito de mulheres, surpreende seus amigos com a notícia de seu casamento e uma lua de mel em Paris. A lua de mel é um pretexto para uma operação secreta em território europeu, envolvendo a maçonaria e seitas ocultas, para mover para o Brasil uma relíquia religiosa muito disputada ao longo dos séculos: o sagrado prepúcio de Jesus. A relíquia foi dada pelo imperador Carlos Magno ao papa no ano 800, tendo mudado de mãos várias vezes e, pela última vez, roubada em 1983 na cidade de Calcata, Itália. A conspiração se aprofunda com agentes da Opus Dei se associando ao cunhado de um amigo do embaixador e se mudando para ser vizinho de outro amigo dele. O caso promete suspense e grandes reviravoltas.