Eu não sei se é uma boa qualidade saber aceitar a derrota ou insistir teimosamente e fracassar ainda mais. Militarmente ambas as opções são válidas, mas são restritas apenas por uma questão de hierarquia. Ao bom soldade é valoroso nunca desisitir, mesmo frente à derrota, e morrer com bravura estraçalhado pelas granadas e metralhadoras inimigas, mesmo que o combate seja, à priori, uma morte certa, ordenada pelos superiores apenas para distrair o inimigo de outra operação em andamento.
Já o para o bom general ou oficial é o contrário, o valoroso é perceber quando a guerra está inevitavelmente perdida e saber jogar a toalha, declarar a rendição antes que o número de mortes entre soldados e civis aumente exponencialmente.
A diferença, então, entre ceder ao fracasso e morrer teimosamente é uma opção de classe, de hirarquia social, aos de baixo só resta a morte enquanto os do topo podem se dar ao luxo de fracassar e desfrutar das condições especiais de encarceramento para oficiais rendidos ao longo de toda a guerra.
Não é justo, eu sei, mas ninguém realmente acreditou que seria.
O problema maior começa, mesmo, quando estamos no fundo do poço da hierarquia social e percebemos que tudo que fizemos ao longo da vida redundou em fracasso. Você já andou tempo demais por aquele caminho para que seja viável voltar atrás, você morreria de velhice antes mesmo de voltar e conseguir escolher outra estrada. Só resta ficar andando em meio à poeira abandonada, rumando ainda mais ao fundo do abismo, ou sentar e puxar um palheiro e uma pinga e esperar o tempo passar.
Eu fico em dúvida se meu problema é porque fiquei tempo demais sem fazer nada aceitando o fracasso de minhas opções ou, pelo contrário, porque passei tempo demais sem perceber o fracasso e insistindo ainda mais em caminhar para aquele abismo final do qual não há saída nem fim.
Não é muito animador, eu sei, mas eu não achei que seria.
Acho que, no fim das contas, a regra do jogo é beneficiar o jogador profissional, aquele que está lá para vencer e obter o lucro máximo com o menor custo e tentar, à toda força, afundar aquele sujeito que não está nem aí para o jogo. Não adianta você explicar pacientemente que não quer jogar, que está mais preocupado com a guerra civil na Líbia e o levante trabalhista de Madison do que com o salário no fim do mês, pois eles baterão à sua porta, derrubarão sua casa, exigirão pontos de currículo ou de engenharia social. Exigirão que você jogue.
Nada funcionou, é verdade, mas eles acharam que iria.
12/03/2011
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