05/02/2010

Sonhos

Meu amigo Sarlie me lembrou outro dia da história de controlar sonhos. É algo muito interessante de se fazer e uma experiência realmente gratificante. Tem até uns malucos no Havaí que montaram uma escola para as pessoas treinarem controle dos sonhos.
O sono, longe de ser um período de cérebro desligado é um dos períodos de maior atividade cerebral e várias vezes consegui resolver problemas que me incomodavam há dias durante o sono, de tanto que pensei neles antes de dormir. De fato, o sono é um dos melhores momentos para resolver problemas complicados pois o cérebro está completamente dedicado a tarefas abstratas, sem interrupção de barulhos e imagens do mundo externo, isto é, completamente concentrado.
Minha habilidade em controle os sonhos, no entanto, veio dos sonhos recorrentes. Começaram no início da adolescência. Em princípio era o colégio que eu estudava e odiava que sempre desabava e eu morria. Fiquei anos sonhando com aquilo e aprendi ali a controlar o sonho e fugir para lugares diferentes em cada sonho, depois de umas quatro ou cinco vezes em que eu morri soterrado no banheiro. Por fim, um dia consegui fugir antes do desabamento e nunca mais sonhei com aquilo de novo.
Então vieram os sonhos recorrentes bons. Meu favorito era aquele em que eu ficava preso com centenas de mulheres lindas na ilha do topless. Eu sonhava aquilo noite após noite, sempre encontrando mulheres diferentes e mais lindas que as anteriores. Foi o melhor período da minha vida, apesar da tristeza que era em ter que acordar e abandonar as mulheres sozinhas naquela ilha em orgias solitárias. Sem falar no banho que eu precisava tomar quando acordava para me livrar de vez do sono e das roupas meladas.
Mas então a adolescência foi acabando e a juventude se esvaindo e esses sonhos rareando, de forma que agora são só pesadelos com cidades ciclópicas lovecraftianas e alegorias enigmáticas. No mais comum deles estou eu curvado sobre o teclado de meu computador, com o corpo inclinado, quase me fundindo à máquina. Meus dedos batem rápidos nas teclas e com força e durante horas a fio estourando a pele e os vasos sangüíneos, encharcando de sangue o teclado, a mesa e o chão.
E por mais que eu digite nunca posso parar pois atrás de mim está a morte, com seu manto puído embolorado e seu corpo de ossos com um chicote na mão a açoitar minhas costas mandando que eu acelere e digite mais e mais e mais. Então me envergo ainda mais e sigo no tormento sem fim.

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